segunda-feira, 17 de março de 2014

Alta Mira - Belo Monte, de Eduardo Kobra

Por Anna Paula Furtado



Localizada na esquina da Consolação com a Rua Maria Antônia, o mural do conhecido Eduardo Kobra não pode ser apreciado com poucos segundos da atenção de quem passa por ali. Devido a abundância de cores (já desgastadas), o mural é chamativo, mas demanda alguma atenção para entender o trocadilho e a crítica ali expostas.
O índio sorridente é alvo de uma mira de arma, daí o trocadilho com o nome da cidade às margens do Xingu, principal vítima da construção da enorme Usina de Belo Monte. O autor é declaradamente contra a construção da Usina, sendo o mural um protesto.
A tinta já desgastada reflete um pouco a situação da discussão acerca da construção da usina. E a rapidez e movimentação da rua em que a obra se localiza reflete e enfatiza a rapidez com que os assuntos se esgotam na mídia, a rapidez com que enjoamos ou nos acostumamos a certas situações.
O mural fica numa esquina pela qual eu mesma sempre passo. Recordo-me das primeiras vezes que o vi e da pouca atenção que dei. Apenas quando fui forçada a vê-lo foi que reconheci ali a crítica e o valor da obra. Não é o tipo de mural pelo qual se corre os olhos e já se entende a mensagem. Mas proporciona um momento de aflição ao lembrar da situação injusta vivida pelos índios até hoje.






Nenhum comentário:

Postar um comentário